sexta-feira, 22 de julho de 2011

ABUSO SEXUAL NÃO TEM GRAÇA!!!

Talvez você não perceba. Talvez até ache graça. Mas a violência contra as
mulheres está sendo incentivada dentro da sua casa, de forma nada sutil, no
humorístico Zorra Total. No principal quadro do programa, chamado "Metrô Zorra
Brasil", todos os sábados à noite, duas amigas travam um diálogo dentro do vagão
lotado. Na fórmula do roteiro, lá pelas tantas, em todos os episódios, um
sujeito se aproxima, encosta e bolina a mulher de várias formas. No episódio do
dia 9 de julho, o quadro mostrou a mulher sendo "tocada" em suas partes íntimas
com a "batuta" de um maestro.
A mulher atacada, Janete (Thalita Carauta), cochicha com sua amiga Valéria
(Rodrigo Sant'anna), que, ao invés de defendê-la, diz: "aproveita. Tu é muito
ruim, babuína. Se joga". A claque ri.
O ataque relatado pelo programa acontece todos os dias com milhares de mulheres
no nosso país. Só nós mulheres podemos medir a humilhação pela qual passamos nos
trens e ônibus lotados e suas consequências. Não tem graça.
No metrô de São Paulo, o mais lotado do mundo, numa manhã de abril, uma jovem
trabalhadora foi violentada sexualmente num vagão da linha verde, considerada
uma das melhores. Um crápula a segurou pelo braço, ameaçou, enfiou a mão sob sua
saia, rasgou sua calcinha e a tocou. Os passageiros perceberam, tentaram agir,
mas o homem fugiu. O caso foi registrado como estupro na 78º DP da capital
paulista. Impossível rir disso.
É sabido que a Rede Globo nunca foi uma defensora das mulheres e da diversidade.
Neste momento mesmo, o diretor-geral da emissora exigiu que os autores da novela
Insensato Coração acabassem com comentários favoráveis às bandeiras gays, e
recomendou menos ousadia nas cenas entre os dois personagens homossexuais.
Mas o Zorra Total foi longe demais. O quadro do programa incentiva a violência
contra às mulheres e o estupro, de uma forma sistemática, já que o ataque é
parte da estrutura permanente do texto. Ou seja, todas as semanas, a Rede Globo
diz que as mulheres que sofrem abuso sexual devem "aproveitar" e "agradecer",
como se fosse uma dádiva.
Repete a lógica do humorista Rafinha Bastos que, pelo Twitter, escreveu que as
feias deveriam agradecer ao serem estupradas. E está sendo processado por isso.
O quadro tem alcançado liderança de audiência nas noites de sábado, atingindo
cerca de 25 pontos de audiência. Ou seja, milhões de lares recebem toda semana a
mensagem de que é natural abusar sexualmente de mulheres no metrô, nos trens,
nos ônibus. Não é preciso muito para saber que o quadro certamente terá efeitos
sobre esse público, naturalizando a violência contra a mulher, diminuindo a
gravidade de um crime, tornando-o algo menor, sem importância.
Essa brincadeira não tem graça. É no mínimo lamentável que o talento da dupla de
humoristas esteja sendo desperdiçado em um quadro que incentiva o ataque às
mulheres trabalhadoras. É revoltante que a emissora líder mantenha um programa
que defende práticas tão nefastas, num país onde uma mulher é violentada a cada
12 segundos; onde uma mulher é assassinada a cada duas horas; onde 43% das
mulheres sofrem violência doméstica.
• Talvez você não perceba. Talvez até ache graça. Mas a violência contra as
mulheres está sendo incentivada dentro da sua casa, de forma nada sutil, no
humorístico Zorra Total. No principal quadro do programa, chamado "Metrô Zorra
Brasil", todos os sábados à noite, duas amigas travam um diálogo dentro do vagão
lotado. Na fórmula do roteiro, lá pelas tantas, em todos os episódios, um
sujeito se aproxima, encosta e bolina a mulher de várias formas. No episódio do
dia 9 de julho, o quadro mostrou a mulher sendo "tocada" em suas partes íntimas
com a "batuta" de um maestro.
A mulher atacada, Janete (Thalita Carauta), cochicha com sua amiga Valéria
(Rodrigo Sant'anna), que, ao invés de defendê-la, diz: "aproveita. Tu é muito
ruim, babuína. Se joga". A claque ri.
O ataque relatado pelo programa acontece todos os dias com milhares de mulheres
no nosso país. Só nós mulheres podemos medir a humilhação pela qual passamos nos
trens e ônibus lotados e suas consequências. Não tem graça.
No metrô de São Paulo, o mais lotado do mundo, numa manhã de abril, uma jovem
trabalhadora foi violentada sexualmente num vagão da linha verde, considerada
uma das melhores. Um crápula a segurou pelo braço, ameaçou, enfiou a mão sob sua
saia, rasgou sua calcinha e a tocou. Os passageiros perceberam, tentaram agir,
mas o homem fugiu. O caso foi registrado como estupro na 78º DP da capital
paulista. Impossível rir disso.
É sabido que a Rede Globo nunca foi uma defensora das mulheres e da diversidade.
Neste momento mesmo, o diretor-geral da emissora exigiu que os autores da novela
Insensato Coração acabassem com comentários favoráveis às bandeiras gays, e
recomendou menos ousadia nas cenas entre os dois personagens homossexuais.
Mas o Zorra Total foi longe demais. O quadro do programa incentiva a violência
contra às mulheres e o estupro, de uma forma sistemática, já que o ataque é
parte da estrutura permanente do texto. Ou seja, todas as semanas, a Rede Globo
diz que as mulheres que sofrem abuso sexual devem "aproveitar" e "agradecer",
como se fosse uma dádiva.
Repete a lógica do humorista Rafinha Bastos que, pelo Twitter, escreveu que as
feias deveriam agradecer ao serem estupradas. E está sendo processado por isso.
O quadro tem alcançado liderança de audiência nas noites de sábado, atingindo
cerca de 25 pontos de audiência. Ou seja, milhões de lares recebem toda semana a
mensagem de que é natural abusar sexualmente de mulheres no metrô, nos trens,
nos ônibus. Não é preciso muito para saber que o quadro certamente terá efeitos
sobre esse público, naturalizando a violência contra a mulher, diminuindo a
gravidade de um crime, tornando-o algo menor, sem importância.
Essa brincadeira não tem graça. É no mínimo lamentável que o talento da dupla de
humoristas esteja sendo desperdiçado em um quadro que incentiva o ataque às
mulheres trabalhadoras. É revoltante que a emissora líder mantenha um programa
que defende práticas tão nefastas, num país onde uma mulher é violentada a cada
12 segundos; onde uma mulher é assassinada a cada duas horas; onde 43% das
mulheres sofrem violência doméstica.

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